**Uma nova medida foi tomada para modificar o nome de plantas com conotações preconceituosas no Código de Nomenclatura Botânica.**
Pela primeira vez na história, os cientistas votaram pela eliminação de termos racistas nos nomes das plantas. Durante o último sábado (20), após uma sessão de seis dias no Congresso Internacional de Botânica, em Madrid, os botânicos decidiram que mais de 200 espécies de plantas, fungos e algas terão seus nomes científicos alterados.
A proposta apresentada pelo tributarista Gideon Smith foi aprovada por 351 votos a favor e 205 votos contra. Por muitos anos, Smith e seus colegas buscaram reformar o sistema internacional de classificação científica de plantas e animais, permitindo a substituição de nomes discriminatórios.
**Como resultado, as plantas que possuem a palavra “caffra” em seus nomes científicos, termo pejorativo utilizado na África do Sul para se referir aos negros, agora utilizarão a palavra “affra”.**
De acordo com os botânicos, essa modificação destacará a origem africana dessas plantas. Dessa forma, a planta anteriormente conhecida como Erythrina caffra agora será chamada de Erythrina affra.
Além disso, os cientistas concordaram em estabelecer uma comissão especial para avaliar os nomes científicos das novas espécies de plantas, a fim de identificar possíveis conotações racistas.
**A partir de 2026, essa comissão terá o poder de alterar os nomes científicos que possam ser considerados ofensivos para determinados grupos ou raças.**
Vetos
Durante a conferência, os botânicos optaram por não eliminar nomes científicos historicamente racistas para plantas ou animais, como o besouro Anphthalus hitleri, em homenagem a Adolf Hitler.
Segundo a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica, a mudança dos nomes científicos poderia gerar confusão, uma vez que traduções futuras poderiam se tornar ofensivas devido à evolução cultural e de atitudes.
**Nesse sentido, algumas nomenclaturas serão mantidas, especialmente aquelas relacionadas a personagens históricos e homenagens que possam ser interpretadas como ofensivas.**
Quem escolhe o nome das plantas?
Os nomes das plantas são determinados e formalizados por botânicos e taxonomistas, seguindo as diretrizes do Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN), atualmente denominado Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas (ICN).
Quando uma nova planta é descoberta, o botânico responsável a descreve minuciosamente, observando suas características morfológicas, estrutura, habitat, entre outros detalhes relevantes, para determinar a melhor forma de categorizá-la.
**A descrição da nova espécie e o nome proposto são submetidos a uma revista científica ou outro meio especializado para revisão por pares. Essa prática garante a justiça na nomenclatura das plantas.**
**Os nomes científicos das plantas seguem um sistema binomial (dois nomes), composto pelo gênero e pela espécie, como é o caso da rosa, cujo nome científico é Rosa rubiginosa.**
Outros especialistas revisam a publicação para validar a nova espécie e o nome proposto, havendo possíveis discordâncias em relação às regras estabelecidas.
**Uma vez aceitos pela comunidade científica, os nomes das plantas tornam-se oficiais em todos os documentos subsequentes.**
Os nomes científicos, em latim, são universais e seguem um padrão global para evitar confusões originadas pelos nomes comuns, que variam conforme o idioma e a região.
Liberdade
Os descobridores de novas espécies têm a liberdade de escolher os nomes das plantas, podendo ser formais, informais ou fazer referências a diferentes contextos, como personagens fictícios, figuras históricas ou características específicas da planta.
**Apesar da criatividade ser bem-vinda, é essencial manter o respeito e evitar termos preconceituosos, especialmente em nomes antigos.**
Essa iniciativa representa um avanço significativo no campo da botânica, contribuindo para um ambiente mais inclusivo e respeitoso, mesmo quando se trata das denominações das plantas.
Fonte: UOL