Pesquisadores descobriram que um fungo semelhante ao de The Last of Us conseguiu infectar uma colônia de tarântulas na região da Amazônia.
O fungo que inspirou o jogo The Last of Us conseguiu invadir uma colônia de tarântulas no Brasil.
Em um relato surpreendente, o biólogo Chris Ketola se deparou com uma tarântula do tamanho de um celular na Amazônia, no Peru, sendo dominada pelo fungo Cordyceps, que apresentava estruturas nas cores branco, amarelo e laranja.
Após a infecção, o fungo consome lentamente a vítima por dentro, preenchendo seu corpo com esporos até que o hospedeiro morra.
O Cordyceps então assume o controle do cérebro do hospedeiro, levando-o a buscar um local adequado para sua reprodução, com condições ideais de luz, alimento e calor.
Quando a vítima morre, seu corpo torna-se um centro de disseminação de esporos do Cordyceps. Foi neste estágio que a tarântula amazônica foi encontrada: morta e totalmente colonizada.
Raridade
O biólogo Chris Ketola explicou que essa é uma espécie rara de Cordyceps, visto que raramente é encontrada em tarântulas. Cada grupo de invertebrados é infectado por uma espécie específica de Cordyceps, o que torna a descoberta ainda mais assustadora e fascinante.
Confira o vídeo na rede social. Na legenda, Ketola menciona que foi a terceira vez que ele encontrou uma tarântula nessas condições.
Fungo semelhante ao de The Last of Us
No jogo The Last of Us, o fungo sofre uma mutação que o torna capaz de infectar humanos, transformando-os em zumbis que espalham a infecção por meio de mordidas.
Na vida real, o gênero Cordyceps possui mais de 750 espécies diferentes, mas, ao contrário da versão fictícia, esses fungos parasitam apenas pequenos artrópodes, como insetos, aranhas e até outros fungos.
Não há registros de Cordyceps infectando seres humanos. Pelo contrário, algumas espécies desse fungo têm propriedades benéficas e são utilizadas na medicina tradicional há séculos.
Nos últimos anos, estudos têm demonstrado o potencial do Cordyceps no tratamento de inflamações, tumores, e na proteção dos órgãos do corpo. Além disso, algumas espécies são apreciadas na culinária chinesa, sendo adicionadas a caldos e massas.
Modo de ação
Esse fungo atua como um parasita que se desenvolve principalmente em pequenos artrópodes, como formigas, aranhas e lagartas. O ciclo de infecção do Cordyceps é um exemplo impressionante da capacidade de adaptação e controle de parasitas na natureza.
Os esporos liberados pelo Cordyceps no ambiente entram em contato com um hospedeiro, geralmente insetos, aderindo à superfície do corpo e penetrando nos tecidos.
Uma vez dentro do hospedeiro, o fungo se espalha, consumindo lentamente os tecidos e órgãos internos, sem matar imediatamente. O objetivo é preservar as funções vitais do hospedeiro para garantir a propagação do próprio Cordyceps.
Em alguns casos, como no exemplo das formigas “zumbis”, o fungo pode afetar o sistema nervoso do hospedeiro, alterando seu comportamento.
A formiga, por exemplo, pode ser induzida a subir para locais altos, ideais para a disseminação dos esporos do fungo.
Após o crescimento interno, o Cordyceps mata o hospedeiro, utilizando seu corpo como base para criar estruturas reprodutivas que liberam novos esporos no ambiente, infectando outros hospedeiros.
Mesmo sendo fatal para muitos insetos, o Cordyceps não representa risco para os seres humanos, ao contrário do que é observado no fungo de The Last of Us.
Alguns tipos de Cordyceps são inclusive utilizados na medicina tradicional chinesa, com atribuições relacionadas à imunidade, energia e tratamento de doenças inflamatórias, sendo objeto de estudos científicos para esses fins.
Fonte: Superinteressante
Imagens: Superinteressante, Wikimedia