O que é a “misocinesia” e como pode afetar uma em cada três pessoas?

Um estudo recente revelou que a “misocinesia” é um fenômeno que pode afetar cerca de 1 em cada 3 pessoas. Mas afinal, o que é isso?

De acordo com a pesquisa realizada, as sensações de desconforto ao observar os movimentos de outras pessoas são consideradas um fenômeno psicológico bastante comum, afetando uma parcela significativa da população.

Conhecida como misocinesia, que significa “ódio aos movimentos”, essa condição tem sido pouco explorada pela comunidade científica, especialmente quando comparada com a misofonia, uma alteração que causa irritação ao ouvir determinados sons repetitivos.

Definida como uma forte resposta afetiva ou emocional negativa à observação de movimentos pequenos e repetitivos de outra pessoa, a misocinesia é um fenômeno ainda carente de evidências científicas concretas.

Para aprofundar o entendimento sobre essa questão, uma equipe de pesquisadores liderada por Sumeet Jaswal conduziu o que eles chamaram de “primeira investigação científica abrangente” sobre a misocinesia.

Os resultados obtidos indicaram que a sensibilidade à inquietação é um desafio significativo para muitas pessoas.

Misocinesia: um fenômeno comum, mas pouco conhecido

Após realizar uma série de experimentos com mais de 4100 participantes, os pesquisadores puderam medir a prevalência da misocinesia em estudantes universitários e na população em geral, analisando o impacto dessa condição e explorando as razões que levam tais sensações a se manifestarem.

“Descobrimos que cerca de um terço dos participantes relataram ter algum nível de sensibilidade à misocinesia em relação a comportamentos repetitivos e agitados de outras pessoas em suas vidas cotidianas. Esses resultados indicam que essa sensibilidade não é uma característica exclusiva de populações clínicas, mas sim um desafio social básico compartilhado por muitos na população em geral”, afirmaram os pesquisadores.

De acordo com a análise realizada, a misocinesia está muitas vezes associada à sensibilidade à misofonia, mas nem sempre.

O fenômeno parece variar de forma significativa de pessoa para pessoa, com algumas relatando baixa sensibilidade a estímulos de agitação, enquanto outras se sentem profundamente afetadas. Alguns chegam até mesmo a evitar atividades sociais devido a essa condição.

Em relação à origem da misocinesia, os pesquisadores conduziram testes para avaliar se essa condição poderia estar relacionada a uma maior sensibilidade visual de atenção, mas os resultados iniciais não foram conclusivos.

Embora ainda haja muito a ser explorado sobre a origem da misocinesia em nível cognitivo, os pesquisadores levantaram hipóteses interessantes para investigações futuras.

Uma dessas hipóteses sugere que os “neurônios-espelho” podem estar envolvidos nesse processo, ativando-se não só quando realizamos movimentos, mas também quando observamos os movimentos alheios.

Essa empatia inconsciente com a psicologia dos agitadores pode levar as pessoas propensas à misocinesia a se sentirem ansiosas ou nervosas ao observar agitações alheias.

O psicólogo Todd Handy tranquiliza aqueles que sofrem com misocinesia, afirmando que “não estão sozinhos” e que seu desafio é real. Inclusive, existe um site dedicado a esse tema.

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