Tentar descobrir se existe ou existiu vida em Marte não é algo novo, como demonstra um experimento realizado em 1924.
Marte é um dos planetas mais estudados em nosso sistema solar, sendo o único a receber robôs da NASA com o objetivo de aprimorar a análise de campo. O quarto planeta do nosso sistema solar é, depois da Terra, o mais popular. Além disso, o sonho de colonizá-lo é alimentado quase que desde quando sua exploração começou. E pesquisas para saber se a vida em Marte já existiu ou é possível de alguma forma no futuro são feitas desde muito tempo.
Por exemplo, em um fim de semana de 1924, multidões de pessoas estavam aglomeradas em telescópios para ver uma civilização avançada que achavam existir na superfície de Marte. Nesse fim de semana, a Terra e o Planeta Vermelho estavam mais perto um do outro do que em qualquer outro momento em um século.
Mesmo que o alinhamento orbital aconteça a cada 26 meses, em 1924 ele chamou mais atenção das pessoas no mundo todo e aconteceram alguns dos primeiros esforços em larga escala para a detecção de vida em Marte.
“Em bolsas de observatórios, observadores e fotógrafos estão concentrando sua atenção nesse enigmático disco vermelho”, escreveu o jornalista Silas Bent no dia 17 de agosto daquele ano.
Sinal de rádio
Ainda conforme o jornalista, aquele poderia ser o momento para “resolver a disputada questão sobre se super-homens percorrem sua crosta e se aquelas linhas, que muitos observadores dizem ter visto, na verdade são canais de honestidade”.
Durante anos os cientistas fizeram planos para aproveitar da melhor maneira o momento de aproximação da Terra e Marte. Até mesmo a Marinha norte-americana desobstruiu as ondas de rádio e impôs um período nacional de silêncio radiofônico de cinco minutos feitos ao topo de cada hora entre os dias 21 e 24 de agosto. Isso foi feito para que as mensagens dos marcianos pudessem ser ouvidas. Além disso, existia um militar para “traduzir todas as mensagens peculiares que pudessem chegar via rádio de Marte”.
O mais surpreendente de tudo foi que um sinal de rádio realmente chegou. Uma antena aérea capturou vários pontos e traços produzindo um registro fotográfico de “um rosto desenhado de forma rudimentar”, conforme relatado pela imprensa.
Claro que isso, junto com um frenesi midiático, fez com que a imaginação do público ficasse inflamada. Ao que tudo indicava, Marte estava falando com a Terra. Mas o que ele queria dizer?
“O filme mostra uma repetição, em intervalos de cerca de meia hora, do que parece ser o rosto de um homem. É uma opinião que não consegue explicar”, disse um dos líderes do experimento.
Vida em Marte
Depois de um século, a fonte desse sinal estranho ainda é um mistério. E mesmo que o registro original em papel esteja perdido, existem cópias digitais que mostram o rosto desenhado de maneira rudimentar.
O que aconteceu em 1924 mostra que desde muito cedo a humanidade já tentou encontrar vida em Marte ou em qualquer lugar fora do nosso planeta. Desde então várias coisas mudaram, como por exemplo, a tecnologia disponível para estudar o espaço. E o que continua é a vontade de provar que não estamos sozinhos no universo.
“Precisamos de alguma companhia cósmica lá fora, seja na forma de deuses ou extraterrestres. As pessoas saem e olham para o céu noturno, e há todas essas milhares de estrelas, e pensam, ‘Certamente não podemos ser os únicos’”, disse Steven Dick, astrônomo e ex-historiador-chefe da NASA.
“É um pensamento agradável, mas não é ciência”, acrescentou.
Atualmente, várias tecnologias sofisticadas revelam ideias a respeito do universo. Coisas que ninguém imaginaria ser possível cem anos atrás. Através de rovers, substâncias nas nuvens de exoplanetas distantes podem ser identificadas e o espaço é escaneado através de observatórios na busca de mensagens em milhões de frequências de rádio.
Contudo, com relação à vida em Marte, ou em qualquer outro local, todas as iniciativas tem o mesmo resultado do que a leitura feita pelo rádio em 1924. Ou seja, nada pode ser provado até o momento.
Fonte: Folha de São Paulo
Imagens: Folha de São Paulo, Olhar digital