Descobrir água em Marte através da escuta dos sismos

Estudos recentes sugerem que Marte pode ainda conter água líquida nas profundezas do subsolo, em aquíferos, utilizando técnicas sismoelétricas. Os marsquakes, equivalentes aos sismos terrestres, poderiam ser essenciais para detectar a presença de água através de sinais eletromagnéticos específicos.

Ilustração de água em Marte

Detecção de água subterrânea em Marte através de sismos

Embora Marte seja atualmente um planeta seco, especula-se que reservatórios de água líquida possam existir em níveis mais profundos do solo marciano. Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, revelaram que é viável localizar esses aquíferos por meio da detecção dos marsquakes. Os tremores produziriam sinais eletromagnéticos distintos ao passarem pela água sob a superfície.

A 17 de junho de 2024, cientistas da Penn State University divulgaram que a audição dos marsquakes poderia revelar a presença de água subterrânea em Marte. Monitorando os sinais eletromagnéticos associados aos tremores, seria possível identificar a existência de aquíferos, caso estes estejam presentes.

Os resultados da pesquisa foram publicados no JGR Planets em 5 de maio de 2024.

Reservatórios de água sob a superfície marciana

Mesmo que Marte seja predominantemente árido atualmente, há indícios de que bolsas de água líquida possam estar armazenadas em camadas mais profundas, onde as condições são mais favoráveis. Encontrar esses aquíferos utilizando métodos convencionais, como o radar de penetração no solo, poderia ser desafiador devido à profundidade provável dessas reservas. No entanto, a detecção de extensos depósitos de gelo por naves espaciais em órbita ao redor de Marte sugere a presença de água no planeta vermelho.

Assim, a proposta de usar os marsquakes para identificar possíveis aquíferos subterrâneos ganha destaque, com os cientistas enfatizando a importância dos sinais eletromagnéticos gerados pelas ondas sísmicas ao atravessarem a água no subsolo.

Explorando os marsquakes em busca de água em Marte

Os pesquisadores apontam o método sismoelétrico como uma alternativa promissora ao radar de penetração no solo tradicional. Essa técnica emergente proporciona uma maneira não invasiva de mapear as estruturas subterrâneas, com a capacidade de identificar a presença de água por meio da análise dos sinais eletromagnéticos gerados pelos marsquakes.

Por meio de sensores estrategicamente posicionados na superfície marciana, seria viável detectar os sinais eletromagnéticos distintos produzidos pelas ondas sísmicas ao atravessarem corpos de água subterrâneos. Esses dados poderiam revelar informações cruciais sobre a profundidade, o volume, a localização e a composição química dos aquíferos em Marte.

"Se ouvirmos os marsquakes que se movem através da subsuperfície, se passarem por água, criarão estes sinais maravilhosos e únicos de campos eletromagnéticos. Estes sinais seriam um diagnóstico da água atual e moderna em Marte."

afirmou Nolan Roth, líder do estudo no Departamento de Geociências da Penn State.

Marte

Este método poderia ser ainda mais eficaz em Marte do que na Terra, devido à ausência de outras fontes de água subterrânea que poderiam interferir nos resultados. A clareza dos sinais detectados em Marte tornaria a identificação dos aquíferos mais precisa e direta.

Portanto, a aplicação da técnica sismoelétrica durante futuras missões ao planeta vermelho poderia facilitar significativamente a localização e caracterização dos possíveis reservatórios de água em Marte.

Modelagem da subsuperfície de Marte

Para validar a eficácia da metodologia proposta, os cientistas desenvolveram um modelo computacional da subsuperfície marciana e simularam a presença de aquíferos nesse cenário. Os resultados demonstraram que a técnica sismoelétrica seria capaz de identificar com precisão a presença de aquíferos profundamente enterrados em Marte, permitindo a análise de propriedades como espessura, salinidade e outras características físicas.

O papel do rover InSight

O rover InSight da NASA, que operou de 2018 a 2022, desempenhou um papel fundamental na detecção de sismos em Marte por meio de seu sismómetro. Embora seus instrumentos tenham limitações para identificar diretamente aquíferos devido à sua profundidade, a combinação de dados do magnetómetro e sismómetro pode revelar padrões sismoelétricos associados à presença de água subterrânea.

Para aprimorar essa abordagem, serão necessários estudos adicionais na Terra e o desenvolvimento de instrumentos específicos para missões futuras a Marte. Além disso, a técnica sismoelétrica também poderia ser aplicada em outros corpos celestes, como luas oceânicas, para investigar a presença de reservatórios de água.

Em conclusão, os estudos sobre a presença de água em Marte continuam evoluindo, com a utilização de métodos inovadores como o sismoelétrico oferecendo novas perspectivas para a exploração espacial e a busca por indícios de vida fora da Terra.

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