o A23a, maior iceberg do mundo atualmente, está encalhado, e começou a girar no meio do oceano Atlântico. Entenda como isso aconteceu.
Durante a semana passada, o maior iceberg do planeta, conhecido como A23a, iniciou um movimento de rotação na região da Antártida, em direção ao sul do Oceano Atlântico.
Por mais de três décadas, o A23a permaneceu imóvel na Antártida. Com uma extensão de quase 4 mil km², o maior iceberg do mundo começou a se movimentar recentemente (em 2020), iniciando uma jornada em direção ao sul do Oceano Atlântico.
De acordo com especialistas, o iceberg deveria estar se deslocando com a corrente mais forte do planeta, porém acabou encalhando na “Coluna de Taylor”, uma grande massa de água.
Isso fez com que o iceberg começasse a girar lentamente, completando uma rotação a cada 24 dias.
Esse evento está ocorrendo próximo às Ilhas Orkney do Sul, a cerca de 600 km ao norte da Antártida. O A23a continua girando a uma taxa de 15 graus por dia, mas não se sabe por quanto tempo ele permanecerá nesse estado.
Como o A23a começou a girar
O A23a faz parte do iceberg A23, que se desprendeu da geleira Filchner em 1986, juntamente com outros dois icebergs. Naquela época, uma estação de pesquisa da União Soviética estava próxima, mas os cientistas tiveram que deixar a região devido ao perigo.
Em 1986, o A23a se separou do A23, tornando-se o maior iceberg do mundo. Em 2020, o A23 finalmente saiu do local onde estava encalhado por 34 anos e chegou à Coluna de Taylor em 2021.
Essa coluna é formada por correntes de água separadas por uma protuberância de 100km no fundo do oceano, criando grandes fluxos cilíndricos estagnados no monte submarino e fazendo a água girar em sentido anti-horário abaixo do iceberg.
A criação da Coluna de Taylor e o encalhe do iceberg estão gerando incertezas entre os cientistas devido à escassez de informações de satélite e ao limitado mapeamento subaquático da área.
No entanto, é certo que o derretimento do maior iceberg do mundo não resultará em inundações.
O descongelamento de icebergs dessa região não tem um impacto significativo no aumento do nível do mar, uma vez que o gelo já está se misturando às águas oceânicas.
Por outro lado, se o maior iceberg do mundo continuar a se movimentar por um longo período, seu derretimento poderá afetar o ecossistema marinho da região.
Não afeta o nível do mar?
É comum ouvirmos que o descongelamento de geleiras afeta o nível do mar e coloca cidades litorâneas em risco. A longo prazo, isso é uma verdade na ciência, e existem monitoramentos para acompanhar esse caso.
Contudo, quando falamos sobre o A23a, trata-se de um pedaço de geleira que saiu da Antártida, região de maior preocupação dos especialistas. Ao longo do seu caminho, foi se dissolvendo e se misturando com o oceano no caminho.
Ou seja, sua concentração não ficou no mesmo lugar, de modo que saiu do caminho tradicional da água. Por isso, cientistas acreditam que não será um impacto tão considerável no nível do mar, mesmo sendo o maior iceberg do mundo no momento.
Por outro lado, mesmo que o derretimento não seja preocupante agora, essa mudança afeta as espécies que vivem na região onde o A23a encalhou.
Isso porque o balanço e nível do mar existem para que as espécies se adaptem, sobrevivam e sigam o curso natural. Toda a cadeia alimentar, imigrações e rotas de nado dependem do ambiente e de como os animais estão acostumados a ele.
O derretimento da geleira, ou mesmo ela estar encalhada, fazendo peso e mantendo o gelo naquela posição, afetam diretamente esses fatos. Os animais, sem estarem acostumados com esses elementos externos, podem sofrer gravemente. A menor interferência pode causar danos consideráveis nas espécies locais.
Por isso, o monitoramento está cada vez mais cuidadoso, garantindo que o caminho do A23a não interfira na ecologia marinha.
Fonte: UOL