No contexto da exploração espacial, diversos países estão intensificando seus esforços para ir além da órbita terrestre. Recentemente, a China tem se destacado nesse cenário, porém, seus satélites têm chamado a atenção pela intensidade de sua luminosidade.
No mês passado, a China lançou a primeira etapa daquela que pode vir a ser a segunda maior constelação de satélites terrestres. Batizada de Qianfan ou “Thousand Sails”, esta rede chinesa objetiva proporcionar conectividade em todo o país asiático e, futuramente, globalmente, rivalizando com a conhecida Starlink da SpaceX.
Os satélites estão sendo desenvolvidos pela empresa estatal Shanghai Spacecom Satellite Technology (SSST), porém, os planos exatos de construção e utilização ainda estão sob sigilo.
Com apenas 18 dispositivos dos 15.000 planejados até 2030, essa nova estrutura espacial tem se tornado uma preocupação significativa para a astronomia devido ao **brilho excessivo dos satélites**, conforme evidenciado em um estudo recente que busca sensibilizar e promover mudanças na concepção dos próximos dispositivos.
Nesta terça-feira, a China lançou com sucesso o segundo grupo de 18 satélites para a constelação Qianfan, como informado pela Space News.
Satélites chineses em destaque pela intensidade luminosa
O estudo, publicado no arXiv, realizou observações terrestres dos 18 primeiros satélites chineses e mediu a variação do seu brilho entre a magnitude 8 e 4 – com o aumento da luminosidade próximo da magnitude 4, tornando os satélites potencialmente visíveis a olho nu.
Segundo as observações, os **satélites ultrapassam o limite de brilho recomendado** de magnitude 7 para observações astronômicas na Terra.
As magnitudes observadas dos satélites Qianfan variam entre 4, quando estão próximos do zênite, e 8, quando estão em baixas altitudes. Esses satélites terão impactos na pesquisa astronômica, a menos que sua luminosidade seja reduzida.
Alerta o estudo, liderado por Anthony Mallama, que também investigou o brilho dos satélites Starlink em comparação.
O estudo analisou a variação de luminosidade dos satélites à medida que se deslocavam em altitudes mais elevadas. Os pesquisadores descobriram que tais alterações correspondem a um modelo de satélite com um grande painel plano virado para a Terra e um painel solar direcionado para o lado oposto.
Quase todas as observações podem ser explicadas por um painel de antena plana voltado para o nadir e a parte inferior de um painel solar voltado para o zênite, ambos com propriedades de reflexão Lambertiana.
O estudo ressalta que os **satélites da Qianfan aparentemente não possuem espelhos que refletem a luz solar** para longe da Terra, ao contrário dos dispositivos Starlink. A SpaceX utiliza essa medida para minimizar o brilho de seus satélites.
Embora esses satélites representem um desafio, o crescente número de lançamentos em órbita terrestre baixa também se mostra como uma ameaça significativa para a visibilidade do cosmos. A poluição luminosa no espaço está tornando cada vez mais difícil observar estrelas distantes.