Organização Mundial da Saúde declarou o surto de mpox como uma emergência global.
Vendo todas as mudanças causadas no mundo por conta da pandemia do covid-19 e como foi todo o processo de superação dela é compreensível que ninguém queira passar por uma situação parecida de novo. Contudo, nessa semana a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados preocupantes que chamaram atenção do mundo todo. Ao todo foram praticamente 100 mil casos contabilizados de mpox em 116 países entre janeiro de 2022 e junho de 2024, tendo mais de 200 mortes.
Essa doença era conhecida também como varíola dos macacos e deixou as autoridades em estado de alerta no mundo todo, especialmente em determinadas regiões. Por exemplo, em alguns países do continente africano, a mpox já é uma emergência de saúde pública. E a maioria dos casos no período foi nos EUA, seguidos pelo Brasil com mais de 11 mil casos.
O que é mpox?
O nome da doença, antes conhecida como varíola dos macacos, foi mudado pela OMS no fim de 2022. Ela é causada por um vírus que causa lesões na pele do rosto e pode se espalhar para outros locais do corpo, até mesmo nas genitálias.
A primeira vez que essa doença foi descoberta foi no fim da década de 1950. De lá para cá, existem evidências de que o vírus teve mutações, especialmente nos últimos três a quatro anos. Por conta disso é que aconteceu a transmissão entre os humanos com uma facilidade maior.
E mesmo que o nome antigo sugira, a mpox tem pouca relação com os macacos. A primeira vez que o vírus foi identificado foi em 1958, em um laboratório em Copenhague, na Dinamarca. Ele estava presente em macacos que tinham sido importados de Cingapura há poucos meses.
Contudo, o animal não é o reservatório primário da doença. Na realidade, quatro animais vivem com o vírus e transmitem ele para outras espécies e não são afetados por ele. De acordo com Sagan Friant, antropólogo da Universidade Estadual da Pensilvânia que estuda a mpox na Nigéria há mais de 15 anos, o mais provável é que a mpox tenha a origem nos roedores.
Ainda conforme ele, era pensado que as doenças em primatas eram mais perigosas para os humanos pode conta da genética ser parecida. Mesmo isso sendo verdade, os vírus em roedores e morcegos também tem mostrado que são perigosos para nós.
Depois que a mpox foi descoberta em macacos, o primeiro caso da doença em humano aconteceu somente em 1970. A pessoa era um jovem que vivia em uma floresta tropical. Contudo, na época não foi possível dizer se a infecção aconteceu por conta de um contato recente com os animais ou de alguma outra fonte. Esse jovem acabou se recuperando da mpox, mas teve sarampo depois e acabou morrendo.
Aumento de surtos
O aumento de surtos de mpox visto desde 2022 ainda tem sua causa desconhecida. De acordo com a BBC, através de uma análise genética do vírus foi visto variantes a partir da mpox original ao longo dos anos.
Uma delas é a clade I, versão mortal do vírus que atingiu o Congo e originou a clade II, que foi responsável pelo surto nos EUA em 2022. Até o momento, nenhum caso de clade I foi visto nos EUA e, conforme os Centros de Controle e Prevenção de Doenças do país o risco é baixo.
Infelizmente, esse não é o mesmo para a clade II. De acordo com estudos preliminares, essa variante pode ter aumentado sua capacidade de se espalhar entre os humanos com o passar do tempo. Consequentemente, isso resultou em mais mutações.
Tanto que existe a clade lb, variante registrada recentemente no Congo, que tem a capacidade de se espalhar de forma mais fácil através do contato humano. Essa variante tem como alvo principalmente crianças com menos de 15 anos e existe a possibilidade de que ela tenha começado a circular em setembro do ano passado.
Mesmo com esse aumento das mutações e na transmissão, mais da metade das variantes do vírus detectadas entre 2018 e 2022 são tidas como “silenciosas” pois não mudam nenhuma proteína viral necessária para escapar das células do sistema imunológico.
Como mpox se espalha?
A transmissão dessa doença depende do contato físico próximo e prolongado. E com base nos pacientes infectados entre 2022 e 204, a OMS traçou um perfil das pessoas.
- 96,4% dos pacientes confirmados de mpox são do sexo masculino, tendo em média 34 anos.
- A doença pode ser transmitida pelo contato sexual, que é o mais comum relatado. Mas também pode acontecer pelo contato não sexual.
- Dentre os sintomas mais comuns estão: erupção cutânea (88,5%), febre (57,9%) e erupção cutânea sistêmica (54,8%) ou erupção genital (49,5%).
- E metade das infecções (51,9%) são de pessoas que vivem com o vírus HIV.
Por mais que a taxa de mortalidade da clade I seja de 10% e da clade II de 0,1% ficar doente é uma coisa ruim. “É longo, é desagradável e você não quer pegá-la. As pessoas podem sentir sintomas semelhantes aos da gripe no começo, com febre, dor de cabeça, coisas assim, mas, conforme a doença progride, você tem erupção cutânea em vários estágios, lesões podem se desenvolver na boca, nos pés e na região genital. E estas se desenvolvem em bolhas cheias de pus,” disse Madeline Barron, da American Society for Microbiology.
Os sintomas da mpox demoram entre seis e 13 dias para começar a aparecer. Depois de três a quatro semanas, as bolhas das lesões viram crostas e caem. E algumas pessoas ficam com cicatrizes.
Fonte: Olhar digital
Imagens: Olhar digital