Uma residência escultural projetada em 1960 se tornou viral na internet e chamou a atenção dos usuários por seu design único.
Localizada na cidade de Liège, na Bélgica, essa residência escultural foi idealizada entre 1967 e 1968 pelo arquiteto belga Jacques Gillet. Este marco arquitetônico ganhou destaque no Instagram, com uma publicação que já alcançou mais de 27 mil curtidas.
O projeto foi resultado de uma colaboração com o escultor Félix Roulin e o engenheiro René Greisch. O objetivo da equipe era criar um conceito que integrasse forma e estrutura, como uma resposta à tendência da época de padronização das formas na arquitetura.
A influência artística é notável nas curvas orgânicas que caracterizam a residência. Os materiais e técnicas utilizados proporcionaram liberdade criativa à equipe: barras de aço foram dobradas e posicionadas individualmente. Sobre elas, uma malha foi instalada para receber o concreto, dando forma à estrutura final.
Nenhuma outra estrutura adicional foi necessária, e o concreto foi deixado aparente, criando uma harmonia entre estética e funcionalidade.
“A funcionalidade de uma casa escultural”
Uma residência escultural, toda em concreto, pode ser viável e trazer vantagens, embora apresente desafios para os moradores.
Em termos positivos, ela oferece maior resistência ao tempo. A durabilidade do concreto perante condições climáticas adversas e incidentes como incêndios ou insetos é um benefício significativo.
Além disso, requer baixa manutenção ao longo do tempo, devido à sua estrutura mais simples e com menos acabamentos refinados.
Apesar da aparência, uma residência escultural como essa proporciona bom isolamento acústico, auxiliando na redução do ruído externo e tornando o ambiente interno mais acolhedor.
E, sem dúvida, destaca-se pela versatilidade no design, permitindo a criação de formas arquitetônicas modernas. Arquitetos como Jacques Gillet valorizam a liberdade criativa, e residências únicas como essa são ideais para esse perfil.
“Desafios a serem enfrentados”
Por outro lado, reproduzir uma residência escultural como essa e apreciar o design envolvem certos desafios.
Um dos desafios é o conforto térmico, já que o concreto tende a ser um material frio, especialmente em climas mais amenos. Para quem busca um ambiente mais quente, residências sem revestimento podem não ser a opção ideal. No entanto, é possível resolver essa questão com um bom isolamento térmico nas paredes internas ou sistemas de aquecimento.
Alterar toda a estrutura existente para implementar essas melhorias nem sempre é uma tarefa simples para quem concebe obras desse tipo.
A ausência de revestimento também pode comprometer a sensação de conforto e exigir alternativas e uma decoração cuidadosa para tornar a residência mais requintada.
Em termos de eficiência, o concreto pode não ser o material mais indicado em termos energéticos, porém alternativas como telhados verdes podem ser adotadas. Combinar estruturas residenciais com tecnologias modernas é uma maneira de superar desafios e manter o design elegante.
Por fim, para aqueles que valorizam a ventilação natural, uma residência desse tipo pode não ser a mais adequada. Modificações, como adição de aberturas e aumento de janelas, conforme visto na obra de Jacques Gillet, são algumas das opções possíveis.
Dessa forma, a residência se torna uma obra de arte e, ao mesmo tempo, um lar habitável.
Apesar dos desafios mencionados, ela permanece única até os dias de hoje, e muitas vezes esse tipo de criação existe mais para apreciação do que para habitação. No entanto, nada impede que outras pessoas se inspirem nesse modelo, seja por preferência pessoal ou pela busca de expressão artística na arquitetura.
“Jacques Gillet”
Jacques Gillet é um renomado arquiteto belga conhecido por sua abordagem inovadora e escultural. Nascido em 1930, Gillet se formou na Escola de Arquitetura de Liège e se destacou por seu estilo arrojado, que frequentemente mescla formas orgânicas e materiais industriais.
Uma de suas obras mais marcantes é, de fato, a residência em Liège, projetada entre 1967 e 1968. Esse projeto reflete sua visão de fusão entre forma e estrutura, desafiando as convenções arquitetônicas de sua época.
No entanto, essa não foi sua única contribuição, e Gillet continuou sendo uma figura influente no campo da arquitetura, reconhecido por sua habilidade em harmonizar estética e elementos rústicos.
Fonte: Revista Casa e Jardim